sexta-feira, 30 de novembro de 2018

O TERRITÓRIO DE TRABALHO INDÍGENA E SUAS TERRITORIALIDADES: UMA ANÁLISE A PARTIR DA COMUNIDADE KATOKINN (PARICONHA-AL)

INTRODUÇÃO

O território indígena está ligado as questões simbólicas reproduzidas em seu espaço ao longo da história (LIRA, 2005). Nesse sentido, o modo de ser dos povos indígenas está fortemente vinculado a terra, pois sua produção, reprodução, costumes, tradições e rituais são materializados no espaço, sendo estes elementos de territorialidades essenciais para a representação dos valores simbólicos e culturais dos povos tradicionais. Destarte, o presente escrito tem como objetivo propor uma discussão acerca do território de trabalho indígena e suas territorialidades, tendo como alvo de análise a comunidade indígena Katokinn em Pariconha-AL.
Segundo Harvey (2013, p. 47),
“Na base da concepção do mundo de Marx está a noção de uma apropriação da natureza pelos seres humanos para satisfazer suas vontades e necessidades. Essa apropriação é um processo material incorporado nos atos de produção e consumo. Sob condições de produção de mercadoria, os atos de produção e consumo são separados da troca. Mas a apropriação da natureza sempre permanece fundamental. Daí nunca podemos ignorar o que Marx chama de “a forma natural” das mercadorias. Fazer isso seria remover a satisfação dos desejos e necessidades humanos de qualquer relação com a natureza”.
Diante desta reflexão, podemos compreender que a apropriação da natureza é fator fundamental para sobrevivência humana, relacionando com o modo de vida dos povos indígenas, vemos uma relação concedida pela apropriação material, caracterizada pela produção e consumo, estabelecidas pelos valores de uso do território.
Nesse viés, Silva (2009, p.37) elucida,
No modo de vida em que o índio se define, a terra é um espaço-síntese na formação da etnia. Seja como meio de produção ou como espaço do ritual, ela é base fundante
do povo Geripankó. Entretanto, à medida que essa terra é apropriada ou subordinada pelo modo de produção capitalista, ela se transforma no maior problema indígena. É claro que essa relação entre a terra e etnia leva-nos a considerar que os Geripankó não podem ser entendidos fora do processo de afirmação étnica e de sobrevivência dentro do sistema capitalista.
Nesse aspecto, uma das adversidades, às quais o povo Katokinn e as comunidades indígenas, no geral, buscam resistir, é ao capitalismo, uma vez que tenta subordinar as etnias, passando a definir os espaços que os indígenas devem habitar. A resistência e sobrevivência dos povos indígenas em seu território associa-se a vivência em comunidade, coletividade e solidariedade entre os seus membros, uma vez que se contraria a lógica de território privado, baseada no valor de troca empregado pelo capitalismo (LIRA, 2005).
Nesse viés, as comunidades indígenas utilizam e necessitam do uso do território para suas práticas, tendo em vista que o mesmo é usando para atividades agrícolas para manutenção da tribo, além disso, o seu uso também está atrelado as suas ações religiosas, o território é, portanto, um fator crucial para as culturas indígenas. (OLIVEIRA et al, 2017, p.541).
Assim, constatamos a relevância intrínseca entre o território e os povos indígenas, pois através do uso da terra os mesmos retiram o sustento de suas famílias e realizam suas práticas culturais, sendo, portanto, o território um espaço de reprodução da comunidade. Segundo a Cacica da comunidade Katokinn, a conjuntura na qual se encontra o território da aldeia é de luta pelos direitos indígenas, haja vista que a situação fundiária do território da comunidade não está resolvida. Diante desta realidade, as tradições e práticas se tornam elemento de resistência e persistência da cultura indígena, visto que suas territorialidades são fundamentais para a afirmação identitária da comunidade (AMORIM, 2003).
Nesse sentido, esta pesquisa trata-se de uma abordagem de caráter qualitativo, realizada por meio de discussões no âmbito do Grupo de Estudos e Extensão de Geografia do Trabalho e do Observatório de Estudos sobre a Luta por Terra e Território – OBELUTTE, vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Análise Regional (GEPAR/UFAL). Assim, teceremos através de um debate teórico sobre o território e territorialidades do povo Katokinn, para isso utilizamos como procedimento metodológico a pesquisa in loco, junto à comunidade, por nos proporcionar maior contado com o objeto em análise.
Dessa forma, abordaremos brevemente no presente escrito, o processo histórico de reterritorializaçao da comunidade Katokinn, além de suas lutas e resistências no território. A
posteriori, versaremos sobre as territorialidades do povo Katokinn e como as mesmas são importantes para afirmação étnica da comunidade.

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CAPITAL MUNDIALIZADO E A GEOPOLÍTICA DOS ALIMENTOS: UMA ANÁLISE DAS CONTRADIÇÕES DA OFERTA DE SEMENTES

INTRODUÇÃO

O trabalho ora apresentado resulta das discussões ocorridas no âmbito do Observatório de Estudos sobre a Luta por Terra e Território (OBELUTTE), acerca da relevância da salvaguarda e cultivo das sementes crioulas como elemento de resistência aos transgênicos e, por sua vez, ao capital. Trata-se de uma reflexão que apresenta como objetivo promover uma breve análise da geopolítica mundial de alimentos e de sementes e suas possíveis determinações sobre a soberania alimentar das formações sociais. Parte-se do pressuposto de que o advento da mundialização do capital, em meados das décadas de 1960/70, fez surgir corporações empresariais que atuam em escala global e com foco na monopolização de organismos vivos, tal como as sementes. Estas se transformaram em objetos absolutamente mercantis, com seus genes manipulados em laboratório, e sobre as quais incidem poderosas patentes. As grandes corporações têm buscado expandir a circulação de suas sementes (híbridas e transgênicas) em vários países, sob o pretexto de aumento de produtividade e resistência biológica. Em nome desse propósito, encetaram uma maiúscula ofensiva contra as sementes crioulas, ou seja, contra as sementes que não sofreram alteração em laboratório e estão isentas de patentes comerciais. Essas ações significam um ataque à autonomia dos territórios dos camponeses e povos tradicionais, atentando contra a sua sociabilidade, baseada no conhecimento e salvaguarda secular de sementes crioulas. Também representam um perigo à sociedade como um todo, pois submete a (re)produção social da vida ao cumprimento de patentes, que restringem a variedade de alimentos disponíveis. Em suma, compreende-se que a monopolização da oferta de sementes, operada por essas corporações, subordina a renda da terra, provoca a erosão genética e a perda da agrobiodiversidade e recrudesce a ingerência dos imperativos do capital sobre a (re)produção social da vida. A investigação tem como referencial teórico-metodológico o materialismo histórico-dialético, por permitir uma análise da totalidade e das contradições do fenômeno estudado. Espera-se que a investigação sirva como instrumento para a decodificação da realidade contemporânea sobre a geopolítica dos alimentos, identificando o poder do capital, personificado na atuação das corporações do ramo agroaquímico, e o perigo presente às tentativas de monopolização da oferta de sementes.

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A PESQUISA COMO PRÁTICA INTELECTUAL E CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO: AS DISCIPLINAS MÉTODOS E PRÁTICAS DA PESQUISA EDUCACIONAL EM GEOGRAFIA I, II E III NO CURSO GEOGRAFIA LICENCIATURA UAB/UFAL

INTRODUÇÃO

As disciplinas inseridas no processo formativo do futuro licenciado devem se perpassar pela busca incessante e o estímulo a perpetuação da premissa que envolve o fato de que todo professor deve, sobretudo, ser um contínuo pesquisador. Com base nessa afirmativa, busca-se analisar a importância da construção coletiva envolvendo as produções acadêmico-conclusivas de curso, analisando-se os discursos existentes nos chats, fóruns e processos de orientação que ocorrem nas disciplinas, que são direcionadas às competências discentes no ato do fazer-se professor e que envolvem os variados métodos e práticas da pesquisa educacional em três disciplinas ministradas pelo docente que as analisa, a saber: Métodos e Práticas da Pesquisa Educacional em Geografia I, ministrada no sexto período que busca elucidar a pesquisa como prática intelectual e construção social do conhecimento e o Projeto de Pesquisa: da ideia à ação; Métodos e Práticas da Pesquisa Educacional em Geografia II, ministrada no sétimo período que busca elucidar as relações de aprendizado que ocorrem junto aos orientadores(as) ao longo do processo de orientação dos Trabalhos de Conclusão de Curso; Métodos e Práticas da Pesquisa Educacional em Geografia III, ministrada no oitavo período que busca culminar o resultado analítico prévio das pesquisas acadêmico-científicas desenvolvidas ao longo de três semestres. Logo, o recorte espacial da pesquisa envolve estudantes dos polos Arapiraca, Maceió e Palmeira dos Índios, em Alagoas, e as turmas analisadas correspondem ao ano de ingresso 2013.2. e 2014.1., e aos meses de exercício das atividades nas disciplinas: janeiro de 2017 a agosto de 2018.

O formato das disciplinas ministradas baseia-se nos norteamentos contidos no Projeto Político Curricular do curso de Geografia Licenciatura, modalidade a distância, cujos objetivos centrais se permeiam por instigar os estudantes a compreenderem historicamente os fundamentos da construção do conhecimento científico na Geografia.
É também no processo de sistematização da pesquisa que busca-se conhecer e correlacionar os fundamentos, os métodos e as técnicas de análise presentes na produção do conhecimento científico geográfico. Insere-se neste processo, como complementação ao objetivo central das disciplinas o ato de propiciarmos noções fundamentais sobre a produção do conhecimento científico, ressaltando-se a importância da teoria do conhecimento e o uso de técnicas de pesquisa. Contudo, na prática da pesquisa o estímulo ao processo de pesquisa na busca, produção e expressão do conhecimento deve ser ressaltado analisando-se questões fundamentais da metodologia científica pela aplicação de técnicas de estudo e pesquisa, objetivando a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), introduzindo os estudantes, como sugerem Gerhardt e Silveira (2009, p. 12) respeitando-se “as razões que levam à realização de uma pesquisa científica podem ser agrupadas em razões intelectuais (desejo de conhecer pela própria satisfação de conhecer) e razões práticas (desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficaz)”, do curso de Geografia Licenciatura modalidade a distância no universo da produção científica.

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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Atividade com o povo Kalankó

Na manhã de sábado, dia 17/11/2018, o OBELUTTE  esteve entre os indígenas Kalankó, município de Água Branca/AL, para execução de atividade do Projeto de Extensão "Povos Tradicionais e Sementes Crioulas". Foi uma manhã agradável, de troca de saberes e crescimento coletivo.

Obrigado ao povo Kalankó pela acolhida!
Obrigado a Coppabacs pelo importante apoio!













SEMENTES DA RESISTÊNCIA NO SEMIÁRIDO ALAGOANO: PRESERVANDO A CULTURA, O TRABALHO E O TERRITÓRIO DO CAMPESINATO

RESUMO:

O presente artigo tem por objetivo realizar uma análise acerca da luta socioterritorial empreendida pelos camponeses do Semiárido Alagoano em defesa da preservação das sementes crioulas, resistência que se materializa nos Bancos Comunitários de Sementes (BCS), de modo a garantir a soberania alimentar e a agrobiodiversidade. Tal luta se intensifica em meio a um processo de disseminação de sementes híbridas/transgênicas no Semiárido Alagoano, a qual tem ocorrido mediante as ações do Estado que, através de programas de distribuição de sementes para camponeses, tem atuado de maneira subserviente aos interesses de grandes corporações do agronegócio do setor de grãos, fato que tem proporcionado a monopolização do território camponês no Semiárido de Alagoas.

Palavras-chave: Sementes Crioulas; Semiárido Alagoano; Resistência.

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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

MOBILIDADE ESPACIAL DO TRABALHO: REDUNDANTES DO SERTÃO DE ALAGOAS COMO PARTE DA REPRODUÇÃO DO CAPITAL

RESUMO:

O artigo tem como desiderato a investigação teórica/empírica sobre a mobilidade espacial do trabalho e sua manifestação particular no Sertão de Alagoas. Parte-se do pressuposto de que a mobilidade espacial do trabalho é um fenômeno imanente ao capitalismo e decorrente da expropriação dos trabalhadores de seus meios de produção, que formou uma massa de capital variável, redundante e móvel. O advento da acumulação flexível, no final década de 1960, galvanizou a mobilidade espacial do trabalho, em razão da transformação do desemprego em uma realidade inexorável. No Sertão de Alagoas, o latifúndio e o monopólio das fontes de água pelas oligarquias locais, a presença de camponeses, quilombolas e indígenas vivendo em minifúndios e a existência de trabalhadores privados do acesso ao emprego nos pequenos núcleos urbanos da região, ensejaram a formação de redundantes que, sazonalmente, deslocam-se para o Leste de Alagoas e para outras regiões do país. Parte dessa massa humana costuma ser capturada como trabalho escravo, sujeitando-se às formas mais vis de relações sociais. O Sertão de Alagoas se transformou num lócus espacial onde se formam e se evadem redundantes que acompanham os ciclos do capital.

Palavras–chave: Mobilidade espacial; trabalhador redundante; acumulação flexível; reprodução do capital; trabalho escravo.

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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

70ª SBPC - Educação

Durante a 70ª reunião anual da SBPC Educação, realizada nos dias 19 e 20 de julho de 2018 na UFAL - Campus do Sertão, houve uma mesa redonda com o tema: Educação do Campo e Sementes Crioulas, com as participações de Amaury da Silva dos Santos (EMBRAPA/SE), Simone Lopes de Almeida (ASA/AL) e mediada pelo professor Lucas Gama (UFAL), onde o OBELUTTE esteve presente participando desse importante momento.


domingo, 18 de fevereiro de 2018

I SEMINÁRIO OBELUTTE: O Semiárido como território de vida.


Reunião OBELUTTE

Os membros do OBELUTTE se reuniram no dia 16/02 para discussão de texto da professora Marta Inês Medeiros Marques sobre o campesinato. Além disso, foram discutidos novos encaminhamentos para o I SEMINÁRIO DO OBELUTTE.
A próxima está marcada para o dia 09/03, às 14h30min, onde será discutido um texto de Teodor Shanin.



“ONDE VÊS, EU NÃO VISLUMBRO RAZÃO”: AS COMUNIDADES DE FUNDOS DE PASTO NAS INSPEÇÕES JUDICIAIS

RESUMO:

Esta comunicação descreve e problematiza concepções dos magistrados acerca do modo de vida e da relação com o território das comunidades tradicionais de fundos de pasto (FP) do estado da Bahia. Para isso, analisaremos o conteúdo de duas inspeções judiciais que foram realizadas, em distintos contextos históricos, nas áreas de Jabuticaba, no município de Andorinha, e Areia Grande, em Casa Nova. Ao reconhecer que os juízes ocupam uma posição estratégica no processo judicial, procuramos analisar os argumentos utilizados no campo das disputas e que tratam de concepções sobre a territorialização das comunidades de fundos de pasto, sem perder de vista a relação entre as concepções e as práticas reiteradas no campo que estão inseridos; em outras palavras, nas disposições constitutivas do habitus jurídico é que se constitui o princípio de percepção e apreciação dos conflitos submetidos à decisão judicial.

Palavras-chave: Fundos de Pasto; povos e comunidades tradicionais; inspeções judiciais; território; conflitos rurais; terras comunais; Bahia

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O PROCESSO DE FINANCEIRIZAÇÃO NA AGRICULTURA: O PERIGO DO AGRONEGÓCIO

RESUMO:

O presente trabalho tem como objetivo analisar o processo de financeirização na agricultura, identificando a expansão do capital no campo e as consequências do agronegócio à (re)produção social da vida. Partimos do pressuposto de que a mundialização da economia e a hegemonia do capital financeiro e, de sua face mais parasitária, o capital fictício, incidiram em alterações nas relações sociais de (re)produção no campo. O agronegócio emergiu e representa a expressão maior do capital financeiro, onde a produção passa a ser ensejada pelos interesses voláteis do D-D’. Em razão disso, se fortalece o processo de expropriação primária, de concentração da terra e de sujeição da produção da vida aos imperativos do capital, ameaçando a existência da humanidade. A investigação está inscrita sob a urdidura do método de análise histórico-dialético, pois o mesmo permite a realização de uma análise que capte a singularidade/totalidade dos fenômenos nas diferentes escalas geográficas.

Palavras-chave: agronegócio, capital, financeirização

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No Semiárido de Alagoas, a resistência germina na terra: a luta territorial em defesa das sementes crioulas

RESUMO:

No Semiárido de Alagoas, os camponeses estabelecem uma relação comunitária, baseada na preservação e troca de sementes crioulas, através dos Bancos Comunitários de Sementes. Essa iniciativa busca suplantar o avanço dos cultivos transgênicos e preservar os códigos genéticos e culturais que permeiam o savoir-faire camponês. Em meio a uma economia mundializada, formada pela atuação de grandes corporações empresariais, que movem enormes somas de recursos, lobby e toda sorte de expedientes para monopolizar a produção e a reprodução social da vida, o papel desempenhado pelos camponeses é de suma relevância, materializando uma resistência territorial, alicerçada na autonomia de cultivo, na segurança alimentar e na agrobiodiversidade.

Palavras-chave: Semente crioula; território; mundialização; semente transgênica; agrobiodiversidade.

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EDUCAÇÃO DO/NO CAMPO EM INSTITUIÇÕES ESCOLARES NO AGRESTE ALAGOANO: EXPERIÊNCIAS NO MUNICÍPIO DE ARAPIRACA

RESUMO:

O campo brasileiro é marcado por várias problemáticas e uma das principais é o acesso à educação formal por meio de escolas que realmente considerem os saberes historicamente construídos pelos povos do campo. Este trabalho tem como objetivo compreender o contexto da educação do campo em um local de apoio às escolas do campo e em uma escola do campo, ambos situados no município de Arapiraca, Alagoas. Para a pesquisa, considerou-se levantamento bibliográfico sobre os conceitos de educação, questão agrária, e educação do campo; considerou-se também a coleta de dados primários nas duas instituições escolares e análise documental. As instituições analisadas apresentam importantes avanços quanto ao debate da educação contextualizada, embora não desenvolva outras reflexões sobre a questão agrária brasileira.

Palavras-chave: Educação do Campo, Questão Agrária, Escola.

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DUAS DÉCADAS DE TLCAN: A SOBERANIA ALIMENTAR DO MÉXICO SOB AMEAÇA

RESUMO:

A mundialização da economia capitalista alavancou o processo de flexibilização das fronteiras e desregulamentação dos mecanismos de proteção da produção agrícola dos países periféricos. O Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLCAN) é resultado da inserção do México nessa economia mundializada e tem acarretado graves impactos para o espaço agrário mexicano, em especial, aos camponeses, a exemplo da piora da situação socioeconômica da população rural, oscilações frequentes nos preços de itens importantes da cesta básica alimentar e na mobilidade do trabalho rumo aos centros urbanos. Assim, considerando o debate em voga na sociedade mexicana sobre a possibilidade de revisão dos acordos celebrados na década de 1990, o presente artigo realiza um breve balanço de seus desdobramentos, identificando as contradições que ameaçam a soberania alimentar do México.

Palavras-chave: mundialização. TLCAN. soberania alimentar.

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AS COMUNIDADES DE FUNDO DE PASTO: UM INTENTO DE CONSTRUÇÃO CONCEITUAL

RESUMO:

Este texto propõe uma compreensão teórico-conceitual sobre os Fundos de Pasto, que são enquadrados ora como camponeses, ora como comunidades tradicionais. Tem-se como objetivo analisar estes sujeitos a partir de três categorias: campesinato, comunidade tradicional e trabalho. Neste bojo, é possível evidenciar como as reflexões trazidas pelo recorte analítico da geografia do trabalho colocam como central a análise do conflito a partir das relações entre capital x trabalho no campo brasileiro. Interligado globalmente, o capital tem diante de si comunidades camponesas que tentam se articular em um contexto de fragmentação, a partir da resistência e do atrito entre a lógica do direito formal e a lógica da propriedade comum da terra.

PALAVRAS-CHAVE: Campesinato; comunidades tradicionais; trabalho.

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AS COMUNIDADES DE FUNDO DE PASTO E O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE TERRAS DE USO COMUM NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

RESUMO:

O rural brasileiro caracteriza-se por uma grande diversidade de formas de territorialização camponesa, principalmente quando são consideradas as diferentes comunidades tradicionais presentes no país. Assim, o objetivo deste artigo é compreender o processo de territorialização das comunidades de Fundo de Pasto no semiárido brasileiro, mais especificamente no estado da Bahia. Para tanto, a análise considerou a construção de um breve estado da arte dos autores das ciências humanas que tem estudado estas comunidades, bem como analisa-se a processo de formação de terras de uso comum no semiárido baiano, território de reprodução social dos Fundos de Pasto. Por fim, salienta-se a relação que a produção das terras de uso comum apresenta com a formação do latifúndio no semiárido baiano.

Palavras-chave: campesinato; comunidade tradicional; territorialização; campo brasileiro.

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A EDUCAÇÃO DO CAMPO NO BAIXO SUL DA BAHIA: UMA ANÁLISE DA CASA FAMILIAR RURAL DO MUNICÍPIO DE IGRAPIÚNA

INTRODUÇÃO:

A Educação do Campo trás em suas raízes as experiências de vida dos trabalhadores camponeses a fim de contribuir para a sua permanência e sobrevivência na terra. No sistema capitalista, onde as relações de produção são baseadas no processo de separação dos trabalhadores dos seus meios de produção, os trabalhadores rurais são obrigados a migrarem para as grandes cidades em busca de trabalho e melhoria na qualidade de vida e o que estes trabalhadores encontram é uma realidade ainda mais perversa e excludente dos seus direitos.
Neste sentido, algumas políticas públicas são desenvolvidas, a exemplo do PRONERA (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária), instituído em 1998 com o objetivo de fortalecer a permanência dos jovens e adultos no campo brasileiro a partir de um espaço essencial para o desenvolvimento humano, social e político que é a escola. A educação do campo é uma conquista dos movimentos sociais de luta pela terra, que buscaram a partir da educação construir horizontes para continuar na terra. Isto se apresenta como um contraponto às áreas agrícolas que estão voltadas apenas para a reprodução ampliada do capital, onde a terra deixou de ser para o trabalho e passou a ser a terra de negócio.
A educação do campo é uma conquista do Movimento social dos sem-terras que buscou a partir da educação construir a lutas e permanência para continuar na terra. Nas áreas agrícolas que estão voltadas apenas para a reprodução ampliada do capital, a terra deixou de ser para o trabalho e passou a ser a terra de negócio onde para os fazendeiros o que importa é o acumulo da produção. Este trabalho está em processo inicial de pesquisa e propõe-se a analisar os benefícios e contradições da inserção da Casa Familiar Rural (CFR) de Igrapiúna no Baixo Sul da Bahia.
A CFR da cidade de Igrapiúna está localizada na APA do Pratigi, uma área rica em biodiversidade da Mata Atlântica no Baixo Sul da Bahia que fica a cerca de 500km da capital Salvador. A APA do Pratigi abrange as seguintes cidades: Ibirapitanga, Piraí do Norte,
Igrapiúna, Ituberá e Nilo Peçanha. Quanto à divisão a APA é composta por três Ecopólos: I – Cordilheiras, II – Vales e III – Litorâneo, que são áreas com ambientes específicos e bem definidos e também com potencialidade para geração de trabalho e renda para a comunidade local. Quanto a unidade de ensino de Igrapiúna possui o ensino regular (1º, 2º e 3º ano do ensino médio, além do nível de ensino técnico), as disciplinas são comuns ao currículo das demais escolas buscando correlacionar com a Pedagogia da Alternância.
O objetivo principal proposto pela Casa Familiar é manter os jovens trabalhando no campo, tentando assim diminuir os altos índices de migração para os núcleos urbanos. A CFR tem em sua metodologia a Pedagogia da Alternância onde os alunos permanecem uma semana em tempo integral na Casa Familiar e retornam para as suas propriedades para o exercício da aprendizagem. Os alunos são acompanhados por educadores agrônomos em suas respectivas propriedades com o propósito de avaliar e orientar como os alunos estão aplicando as atividades desenvolvidas na escola. A educação do campo torna-se para esses jovens do Baixo Sul da Bahia a oportunidade de permanência na terra e também a construção de suas identidades enquanto sujeitos de direitos.

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I SEMINÁRIO OBELUTTE