O território indígena está ligado as questões simbólicas reproduzidas em seu espaço ao longo da história (LIRA, 2005). Nesse sentido, o modo de ser dos povos indígenas está fortemente vinculado a terra, pois sua produção, reprodução, costumes, tradições e rituais são materializados no espaço, sendo estes elementos de territorialidades essenciais para a representação dos valores simbólicos e culturais dos povos tradicionais. Destarte, o presente escrito tem como objetivo propor uma discussão acerca do território de trabalho indígena e suas territorialidades, tendo como alvo de análise a comunidade indígena Katokinn em Pariconha-AL.
Segundo Harvey (2013, p. 47),
“Na base da concepção do mundo de Marx está a noção de uma apropriação da natureza pelos seres humanos para satisfazer suas vontades e necessidades. Essa apropriação é um processo material incorporado nos atos de produção e consumo. Sob condições de produção de mercadoria, os atos de produção e consumo são separados da troca. Mas a apropriação da natureza sempre permanece fundamental. Daí nunca podemos ignorar o que Marx chama de “a forma natural” das mercadorias. Fazer isso seria remover a satisfação dos desejos e necessidades humanos de qualquer relação com a natureza”.
Diante desta reflexão, podemos compreender que a apropriação da natureza é fator fundamental para sobrevivência humana, relacionando com o modo de vida dos povos indígenas, vemos uma relação concedida pela apropriação material, caracterizada pela produção e consumo, estabelecidas pelos valores de uso do território.
Nesse viés, Silva (2009, p.37) elucida,
No modo de vida em que o índio se define, a terra é um espaço-síntese na formação da etnia. Seja como meio de produção ou como espaço do ritual, ela é base fundante
do povo Geripankó. Entretanto, à medida que essa terra é apropriada ou subordinada pelo modo de produção capitalista, ela se transforma no maior problema indígena. É claro que essa relação entre a terra e etnia leva-nos a considerar que os Geripankó não podem ser entendidos fora do processo de afirmação étnica e de sobrevivência dentro do sistema capitalista.
Nesse aspecto, uma das adversidades, às quais o povo Katokinn e as comunidades indígenas, no geral, buscam resistir, é ao capitalismo, uma vez que tenta subordinar as etnias, passando a definir os espaços que os indígenas devem habitar. A resistência e sobrevivência dos povos indígenas em seu território associa-se a vivência em comunidade, coletividade e solidariedade entre os seus membros, uma vez que se contraria a lógica de território privado, baseada no valor de troca empregado pelo capitalismo (LIRA, 2005).
Nesse viés, as comunidades indígenas utilizam e necessitam do uso do território para suas práticas, tendo em vista que o mesmo é usando para atividades agrícolas para manutenção da tribo, além disso, o seu uso também está atrelado as suas ações religiosas, o território é, portanto, um fator crucial para as culturas indígenas. (OLIVEIRA et al, 2017, p.541).
Assim, constatamos a relevância intrínseca entre o território e os povos indígenas, pois através do uso da terra os mesmos retiram o sustento de suas famílias e realizam suas práticas culturais, sendo, portanto, o território um espaço de reprodução da comunidade. Segundo a Cacica da comunidade Katokinn, a conjuntura na qual se encontra o território da aldeia é de luta pelos direitos indígenas, haja vista que a situação fundiária do território da comunidade não está resolvida. Diante desta realidade, as tradições e práticas se tornam elemento de resistência e persistência da cultura indígena, visto que suas territorialidades são fundamentais para a afirmação identitária da comunidade (AMORIM, 2003).
Nesse sentido, esta pesquisa trata-se de uma abordagem de caráter qualitativo, realizada por meio de discussões no âmbito do Grupo de Estudos e Extensão de Geografia do Trabalho e do Observatório de Estudos sobre a Luta por Terra e Território – OBELUTTE, vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Análise Regional (GEPAR/UFAL). Assim, teceremos através de um debate teórico sobre o território e territorialidades do povo Katokinn, para isso utilizamos como procedimento metodológico a pesquisa in loco, junto à comunidade, por nos proporcionar maior contado com o objeto em análise.
Dessa forma, abordaremos brevemente no presente escrito, o processo histórico de reterritorializaçao da comunidade Katokinn, além de suas lutas e resistências no território. A
posteriori, versaremos sobre as territorialidades do povo Katokinn e como as mesmas são importantes para afirmação étnica da comunidade.
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