O trabalho ora apresentado resulta das discussões ocorridas no âmbito do Observatório de Estudos sobre a Luta por Terra e Território (OBELUTTE), acerca da relevância da salvaguarda e cultivo das sementes crioulas como elemento de resistência aos transgênicos e, por sua vez, ao capital. Trata-se de uma reflexão que apresenta como objetivo promover uma breve análise da geopolítica mundial de alimentos e de sementes e suas possíveis determinações sobre a soberania alimentar das formações sociais. Parte-se do pressuposto de que o advento da mundialização do capital, em meados das décadas de 1960/70, fez surgir corporações empresariais que atuam em escala global e com foco na monopolização de organismos vivos, tal como as sementes. Estas se transformaram em objetos absolutamente mercantis, com seus genes manipulados em laboratório, e sobre as quais incidem poderosas patentes. As grandes corporações têm buscado expandir a circulação de suas sementes (híbridas e transgênicas) em vários países, sob o pretexto de aumento de produtividade e resistência biológica. Em nome desse propósito, encetaram uma maiúscula ofensiva contra as sementes crioulas, ou seja, contra as sementes que não sofreram alteração em laboratório e estão isentas de patentes comerciais. Essas ações significam um ataque à autonomia dos territórios dos camponeses e povos tradicionais, atentando contra a sua sociabilidade, baseada no conhecimento e salvaguarda secular de sementes crioulas. Também representam um perigo à sociedade como um todo, pois submete a (re)produção social da vida ao cumprimento de patentes, que restringem a variedade de alimentos disponíveis. Em suma, compreende-se que a monopolização da oferta de sementes, operada por essas corporações, subordina a renda da terra, provoca a erosão genética e a perda da agrobiodiversidade e recrudesce a ingerência dos imperativos do capital sobre a (re)produção social da vida. A investigação tem como referencial teórico-metodológico o materialismo histórico-dialético, por permitir uma análise da totalidade e das contradições do fenômeno estudado. Espera-se que a investigação sirva como instrumento para a decodificação da realidade contemporânea sobre a geopolítica dos alimentos, identificando o poder do capital, personificado na atuação das corporações do ramo agroaquímico, e o perigo presente às tentativas de monopolização da oferta de sementes.
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