quarta-feira, 13 de maio de 2020

Do monocultivo da cana ao monocultivo do eucalipto, duas faces da mesma tragédia: considerações sobre o complexo madeira-papel-celulose em Alagoas

INTRODUÇÃO

A formação territorial alagoana esteve, desde a invasão portuguesa, durante o período colonial, soldada à cana-de-açúcar. Extensas áreas férteis de sua Zona da Mata e de seu Litoral foram apropriadas para o monocultivo da gramínea, forjando uma economia de base primária e altamente dependente do setor sucroenergético. 
Contudo, nos últimos dez anos, em face da crise que se abate sobre o mencionado setor, registra-se, por um lado, a diminuição da superfície cultivada e da quantidade de toneladas de cana-de-açúcar e, por outro lado, um crescimento vertiginoso dos hectares cultivados com eucalipto no estado.
Nesse sentido, a hipótese com a qual trabalhamos aponta para uma transição agrícola – dirigida pelo Estado e por corporações empresariais do agronegócio, sediadas ou não no estado – que tem paulatinamente substituído o monocultivo da cana-de-açúcar pelo monocultivo do eucalipto.
Em face do exposto o trabalho tem como objetivo analisar a territorialização do capital no campo alagoano através da expansão do complexo madeira-papel-celulose. Parte-se da premissa de que se trata de um fenômeno em seu estágio inicial e inserido no contexto da mundialização da economia capitalista, em que se verifica a apropriação das terras situadas entre os trópicos para o cultivo de árvores comerciais.
Compreende-se que a expansão do complexo madeira-papel-celulose reforça a especialização da economia brasileira e, por conseguinte, alagoana, na produção de commodities, que atendam às demandas do mercado mundializado, ao tempo que potencializa as contradições imanentes ao processo de acumulação do capital. O exercício analítico é guiado pelo materialismo histórico-dialético, por meio do qual os fenômenos sociais não podem ser explicados per se, senão como parte de uma totalidade contraditória, inscrita na história e em movimento.
Os dados e as informações aventados são de caráter primário e secundário, decorrentes de visita a um assentamento de reforma agrária e de consultas feitas aos documentos oficiais do Estado, dos grupos empresariais e suas respectivas associações, além de fontes jornalísticas. Salientamos que a presente reflexão decorre dos estudos e das pesquisas em execução no âmbito do Observatório de Estudos sobre a Luta por Terra e Território (OBELUTTE) vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Análise Regional (GEPAR/CNPq/UFAL). Esperamos que o texto contribua para descortinar os meandros da acumulação de capital do complexo madeira-papel-celulose no campo brasileiro, notadamente, em Alagoas, identificando suas irreformáveis contradições.

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