O artigo tem como objetivo realizar uma análise sobre o processo de resistência empreendido por camponeses do Semiárido Alagoano em defesa das chamadas sementes crioulas, luta materializada por meio da formação de uma Rede Estadual de Bancos Comunitários de Sementes, um espaço de articulação política e fortalecimento da luta contra o avanço do capital no campo que se intensifica mediante a disseminação das “Sementes do Agronegócio”, termo que utilizaremos para nos referir às sementes híbridas (fruto do cruzamento entre sementes de variedades distintas, mas do ponto de vista biológico integrantes da mesma família) e transgênicas (originárias da manipulação e cruzamento do material genético de organismos vegetal e animal).
No que tange ao método nossa reflexão se alicerça no materialismo histórico dialético, que permite a compressão da realidade social a partir das contradições historicamente construídas, por meio das relações entre as classes antagônicas, mediadas pelo trabalho. Na seara metodológica, lançamos mão das abordagens qualitativa e quantitativa, a partir da análise de dados primários, obtidos por meio de entrevistas abertas, e de dados secundários coletados do Governo de Alagoas e do Atlas do Desenvolvimento Humano brasileiro. No aporte teórico, nosso debate está ancorado nas categorias marxistas concentração e centralização de capital e acumulação primitiva (MARX, 1996), assim como no debate do desenvolvimento desigual e combinado no âmbito geográfico e da mundialização da agricultura (OLIVEIRA, 2016).
O texto está organizado em duas partes. Inicialmente realizamos um debate teórico sobre desenvolvimento desigual e combinado, bem como sobre os processos de concentração e centralização de capital, de modo a elucidar os reflexos desses dois movimentos do capital na agricultura. Posteriormente, ancorados no debate do desenvolvimento desigual e combinado enos aspectos inerentes aos processos de concentração e centralização, destacamos o avanço das sementes do agronegócio no Semiárido de Alagoas, sobretudo os organismos transgênicos, tendo como foco análise as realidades dos municípios de Água Branca, Delmiro Gouveia e Pariconha, os quais tem sido palco das primeiras semeaduras transgênicas no perímetro do canal do sertão alagoano. Ao final, refletimos sobre a necessidade de ampliação da luta e fortalecimento da resistência como forma de garantir a preservação das sementes crioulas frente ao cenário que se apresenta cada vez mais desfavorável para a agricultura camponesa.
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